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Assuntos gerais / Eua Vs Venezuela
« Online: Setembro 29, 2005, 11:00:42 pm »
Um texto do Defesanet.com/zero hora:
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Defesanet 08 Agosto 2005
Zero Hora 07 Agosto 2005
Rumores sobre base dos EUA inquietam fronteira
Militares americanos e paraguaios fazem treinamento conjunto
JOSÉ LUIS COSTA
Enviado Especial/Foz do Iguaçu
Acordos diplomáticos, movimentação de tropas e reuniões secretas entre autoridades internacionais nas últimas semanas criaram uma atmosfera de apreensão que agita a Tríplice Fronteira.
Um dos assuntos dominantes nas cidades de Foz do Iguaçu (Brasil), Ciudad del Este (Paraguai) e Puerto Iguazú (Argentina) é a suposta instalação de uma base americana em território paraguaio para monitorar a região.
Os governos de Assunção e de Washington rechaçam a idéia de manter guarnições sob ordens da Casa Branca em caráter permanente no Paraguai, mas confirmam a presença de soldados americanos em território paraguaio, com o objetivo de treinar as forças armadas locais.
Para representantes da colônia árabe na região, a presença dos soldados americanos soa como ocupação ao moldes do que ocorre no Iraque. A suposta "intervenção" teria o mesmo motivo aparente: caçar terroristas. Mas, na opinião dos descendentes de árabes, o real interesse seria ditar regras para o controle de Itaipu, a maior hidroelétrica do continente, e das riquezas da região: o gás natural e o petróleo boliviano e o Aqüífero Guarani, o gigantesco depósito de água subterrâneo da América do Sul.
- Os EUA querem dominar a região. Especialistas dizem que uma guerra deve partir da Tríplice Fronteira por causa da água - diz o empresário de Foz do Iguaçu Foaud Fakih, um dos líderes árabes.
A instalação de uma base americana é desmentida oficialmente pelo Paraguai e pelos EUA, mas não convence a comunidade fronteiriça. Isso porque, em maio, o Congresso paraguaio aprovou a abertura do território nacional com garantias de imunidade para tropas americanas. No acordo, estaria prevista a livre entrada e saída dos militares americanos, com transporte de armas e de medicamentos. Conforme a versão oficial, o objetivo é cooperação humanitária para o combate a endemias e o treinamento de militares paraguaios até o final de 2006.
Outro passo importante para a aproximação com os americanos foi dado no começo de julho, quando o vice-presidente paraguaio, Luis Castiglioni, anunciou a instalação de um escritório do FBI (a polícia federal dos EUA) em Assunção, junto à embaixada americana.
Não bastasse isso, a boataria sobre a base cresceu por conta de notícias e de reuniões na fronteira. Primeiro foi um encontro tripartite - Brasil, Paraguai e Argentina - de autoridades policiais e políticas. Dias depois, em 27 de julho, o ditador cubano, Fidel Castro, jogou lenha na fogueira, afirmando que 400 fuzileiros navais americanos estariam desembarcando no Paraguai e poderiam, inclusive, invadir o Brasil, possivelmente por Ciudad del Este.
Horas antes do discurso de Fidel ser reproduzido pela imprensa mundial,
aviões Hércules do Exército Brasileiro despejaram 120 soldados pára-quedistas de um pelotão de elite do Rio de Janeiro sobre plantações da região de Foz do Iguaçu. As guarnições se juntaram a outra centena de militares paranaenses que montaram acampamento em torno da subestação de Furnas Centrais Elétricas.
A manobra foi justificada como exercício militar.
No dia seguinte, uma comitiva enviada pela embaixada americana em Brasília passou a tarde inteira em Foz do Iguaçu em reuniões a portas fechadas com a cúpula da Polícia Federal (PF) no Paraná. No final do dia, os americanos deixaram a cidade se esquivando da imprensa.
- Ninguém falou sobre base no Paraguai. O assunto discutido foi controle de migração. A reunião tripartite é de rotina, fizemos uma a cada mês - garante o delegado Geraldo Pereira, chefe da PF em Foz.
Uma fonte da embaixada brasileira em Assunção assegura que o efetivo americano no Paraguai não passaria de 30 soldados. Eles fariam manobras em conjunto com o exército paraguaio e deixariam o país, sendo substituídos por outros militares, em sistema de rodízio.
Para especialista, americanos buscam aproximação
Especialista em assuntos de defesa e estratégia militar, o engenheiro gaúcho Nelson Düring entende que a presença de tropas americanas no Paraguai faz parte de uma nova proposta da Casa Branca de reaproximação política e econômica com os países sul-americanos.
- Houve um distanciamento nos anos 70, e agora os EUA estão tentando retomar contatos. Não acredito em base militar, porque a América Latina não é prioridade para os americanos - avalia Düring, editor do site Defesanet.com.br
Por meio de um comunicado da embaixada em Assunção, os EUA descartaram o deslocamento de tropas por longo período para o Paraguai e o envio de soldados para intervir na Tríplice Fronteira - região que une Brasil, Paraguai e Argentina, suspeita de abrigar células terroristas. O documento assegura que a Casa Branca não tem intenção de instalar uma base militar no Paraguai, e muito menos de interferir nas reservas naturais, como o Aqüífero Guarani,
um dos maiores mananciais de água doce do mundo, que se estende pelo subsolo de regiões de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
Nota oficial assinada pelos ministros paraguaios das Relações Exteriores, Leila Rachid, e da Defesa, Roberto González, assegura que os exercícios militares acordados com os EUA de modo algum representam a instalação de uma base militar americana. Manobras semelhantes são realizadas no Paraguai há pelo menos sete anos. De 2002 para cá, já foram feitas quase 50 operações nas regiões de San Pedro, de Concepción e de Alto Paraná. Em Boquerón, a estrutura conta com uma pista de 4 mil metros de extensão, capaz de receber cargueiros que transportam blindados e tropas.
Em Assunção, a CIA (agência de inteligência americana) já teria uma estação de rastreamento eletrônico (rádio e telefonia) que alcança os países vizinhos.