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Autor Tópico: O avião que veio do gelo  (Lida 5808 vezes)

Offline 100Crises

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O avião que veio do gelo
« Online: Julho 23, 2004, 08:41:59 pm »

Era uma quinta-feira, 7 de julho de 1942. Seis caças P-38 e dois bombardeiros B-17 (as famosas "Fortalezas Voadoras") decolaram de Presque Island, no noroeste dos Estados Unidos, para realizar a segunda viagem da secretíssima Operação Bolero. O plano era levar aviões americanos para a Grã-Bretanha por uma rota que evitasse os temíveis submarinos nazistas que proliferavam no Atlântico Norte - e que adoravam torpedear os cargueiros repletos de aviões em seus porões. O caminho não era fácil: envolvia o tempo inclemente do Ártico e escalas no norte do Canadá, na Groenlândia, na Islândia e na Escócia. Se o clima fosse generoso, a viagem duraria dois ou três dias. E, uma vez em solo britânico, a reconquista da França sitiada com a ajuda de aviões estava quase garantida.

Quando partiram, o céu limpo anunciava uma viagem tranqüila. Mas as nuvens pesadas que surgiram a poucas horas da decolagem não tinham nada de bom agouro. De fato, a esquadrilha foi pega por uma tempestade que atrasou a viagem em alguns dias. Sem combustível, parte dos aviões pousou na base secreta de BW-8, na costa oeste da Groenlândia. O resto conseguiu voltar para Goose Bay, no Canadá, para esperar o tempo melhorar. O piloto Brad McManus, otimista, acreditava que o comando não os teria mandado voar de ilha em ilha pelo Ártico se isso não fosse possível.

RESISTENTE A TUDO
Mesmo depois de 50
anos, as insígnias
continuavam visíveis
e seu canhão ainda
disparava.
 
Madrugada de 15 de julho. Agora sim: o tempo havia melhorado e era hora de decolar. Havia uma guerra para se vencer. A esquadrilha partiu rumo sudeste, em direção à Islândia. A 90 minutos de vôo da pista da capital, Reykjavik, uma tempestade ainda pior que a primeira açoitou novamente os aviões.

Não havia forma de vencê-la. Por baixo das nuvens, a trepidação era insuportável. Acima delas, o frio cortante invadia os trajes e as botas forradas. Desesperado, o piloto Robert "Egghead" Wilson arrebentou os dutos anticongelantes do seu pára-brisa para aquecer as mãos enluvadas. Para piorar, o rádio não respondia, os equipamentos falhavam e havia menos de uma hora de combustível. Nem bem amanhecia, o comandante da esquadrilha mandava dar meia-volta, rumo à Groenlândia. Harry Smith, piloto de um dos caças, soltou no rádio uma sinistra ironia: "Não seria péssimo se a BW-8 estivesse fechada?". Minutos depois, chegava a notícia de que a tempestade encobrira a base. A piada que dizia que a melhor arma de Hitler no Ártico era uma máquina de fazer nuvens tinha perdido toda a graça.

Sem combustível para ir ou voltar, a escolha havia ficado entre um salto de pára-quedas sobre o mar gelado ou um pouso forçado. Sensatamente, optaram por buscar a sorte em um local o mais plano possível na vastidão da Groenlândia para aterrissar. A chance de resgate era incerta. E havia equipamentos secretos que não poderiam cair em mãos inimigas. Com 20 minutos de combustível e a duas horas da base, McManus foi o primeiro a descer. Capotou, mas sobreviveu. Os outros sete aviões desceram de barriga. Com as hélices destruídas, não haveria mais decolagem de volta. A segunda viagem da Operação Bolero fracassara. A posição: 65º20' norte, 40º20' oeste, a 150 quilômetros do Círculo Polar Ártico.
 
 
 
NAS PROFUNDEZAS
DA GELEIRA
Oitenta metros de gelo
duro como granito
separavam o avião da
superfície. Só foi possível
chegar a ele com a ajuda
de um compressor que
expelia água quente e
lentamente derretia
o gelo.

 O balanço de perdas e danos não era tão ruim. O tempo acalmara novamente e havia mantimentos para duas semanas, na base de uma refeição por dia. Os pilotos se acomodaram dentro dos dois bombardeiros. Por sorte, alguns oficiais carregavam um sortimento extra de itens racionados na Grã-Bretanha, que incluía chocolate, uísque e até batons e meias femininas. Após três dias, quando o desânimo começava a fazer algum estrago moral, o rádio deu sinal de vida. Dias depois, uma equipe com trenós puxados por cães veio de uma pequena base da Guarda Costeira próxima de Angmagssalike, na costa leste da ilha. Na volta para casa, os 25 homens da chamada Esquadrilha Perdida sobrevoaram o local uma última vez.

Agosto de 1980. O revendedor de aviões Patt Epps e seu amigo, o arquiteto Richard Taylor, decolaram num monomotor de Atlanta, nos Estados Unidos. O objetivo: nada menos do que sobrevoar, de cabeça para baixo, o Pólo Norte magnético da Terra. A idéia maluca não deu certo por causa das anomalias magnéticas nas bússolas, mas a viagem não seria de todo infrutífera. Na volta, a dupla fez uma escala no campo de pouso de Sondrestromfjord, no mesmo lugar onde antes havia sido a base americana de BW-8. Num bar, ouviram a história da Esquadrilha Perdida.

Meses depois, já em Atlanta, um executivo disse a Epps que gostaria de ter um P-38. "Eu sei onde existem seis", respondeu Epps. Excelente oportunidade para faturar um bom dinheiro resgatando aviões. Em 1981, ele e Taylor voltaram à Groenlândia equipados com magnetômetros. Na cola deles, muita gente apareceu. Um deles foi o septuagenário Norman Vaughan, o último homem a ver os aviões de perto. Ele havia ido ao local do pouso logo depois do acidente para recuperar as ultra-secretas miras Norden que estavam nos B-17. Mas só havia encontrado uma. Agora, anos depois, voltava ao gelo para descobrir o misterioso paradeiro da outra - sem sucesso.

Localizar os aviões foi mais difícil do que se imaginava. Afinal, quatro décadas de gelo acumulado podem enterrar objetos a profundidades jamais imaginadas. Foram quase dez anos de buscas. Apenas em 1990, desta vez munido de radares e GPS, Epps conseguiu localizar um dos B-17, sepultado sob uma camada de 80 metros de gelo duro como granito. O movimento da geleira e as camadas sucessivas de neve o haviam empurrado a quase 2 quilômetros de distância do local de pouso. Os outros sete aviões não estavam longe. Tirá-los de lá era a segunda parte do desafio.
 
A saída para a expedição de Epps veio em 1992, com a entrada em cena de Roy Shoffner, um milionário aposentado e fanático por aviões da Segunda Guerra. Shoffner trouxe dinheiro e ordem a uma expedição antes mal organizada. E trouxe também Bob Cardin, um ex-piloto de helicóptero no Vietnã que vinha liderar o resgate. Foi de Cardin a idéia de usar uma engenhoca chamada de Super Gopher: um compressor que expelia água quente e derretia o gelo em volta. Assim, conseguiram cavar um poço e chegar aos aviões. Apenas um deles estava em boas condições. Era um dos caças P-38, pilotado por Harry Smith. O avião tinha apenas 50 horas voadas. E seu canhão de 20 milímetros ainda era capaz de disparar.

O caça foi pacientemente descongelado, desmontado e levado, peça a peça, para a superfície. Das profundezas geladas da Groenlândia foi parar no hangar de Shoffner, no pequeno aeoporto de Middlesboro, no Estado americano de Kentucky. Na primavera de 1993, o avião começou a ser reconstruído. Em 26 de outubro de 2002, pouco mais de 60 anos depois do acidente, o Lockheed P-38 Lightning voltou a voar. Batizado de Glacier Girl - "Garota da Geleira" -, tornou-se um belo negócio. Avaliado em 9 milhões de dólares, esse é um dos três P-38 no mundo ainda em condições de voar. Na maior parte do tempo, descansa num museu só para ele em Middlesboro. Só sai dali por um cachê de 10 mil dólares, valor pago para sua exibição em feiras agrícolas do interior dos Estados Unidos. Hoje, vive de shows aéreos. Nada muito digno para um avião cuja missão era ganhar uma guerra.

Fonte
 
Mesmo sem ter asas perceba o dom de voar e o direito à liberdade. - SemCrise-Harpia

Offline =FN=DelRio

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O avião que veio do gelo
« Resposta #1 Online: Julho 23, 2004, 08:58:44 pm »
Massa!!!!!!!

Se alguém achar um Fw190 me avisa...  :lol:  B) :ohh:  
rafaeldr@uai.com.br, ICQ 140190683, MSN delrio@globo.com
XP2600-B, Asus A7N8XX, 512 RAM, Radeon 9600XT, Live 5.1, 56kbps, Win2K PRO, CMR2/4/5, RBR, LFS, DTM2002 , FIA GT X-Spec, GTR, MOMO Racing + Delrio H-shifter

Offline =FN=Ch@paun

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O avião que veio do gelo
« Resposta #2 Online: Julho 23, 2004, 10:45:47 pm »
porra ... muito louco....
pena ser plane americano....se fosse do eixo daria uma bela história..
PUXA CABRA, EMPURRA PICA[/font]
"PREFIRO MORRER DE PÉ A VIVER DE JOELHOS"

"Meu princípio é este: a culpa é sempre indubitável. Crede e esperai. O antigo comandante retornará..."(Franz Kafka)

Offline FNBatistaca

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O avião que veio do gelo
« Resposta #3 Online: Julho 24, 2004, 11:09:14 pm »
gostei da historia

Offline =FN=Spiderman

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O avião que veio do gelo
« Resposta #4 Online: Julho 25, 2004, 12:30:36 am »
legal mesmo a historia
!!!

:spider:
2º Tenente Spiderman



"Un droit porté trop loin devient
une injustice"
Voltaire

Offline Aieron

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Re: O avião que veio do gelo
« Resposta #5 Online: Maio 17, 2010, 05:10:36 pm »
Caramba as fotos nao abrem :mellow:

Offline Caradeloko

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Re: O avião que veio do gelo
« Resposta #6 Online: Maio 29, 2010, 05:39:00 pm »
Eu tenho esta revista aqui hem cs
= FN=CARADELOKO =